domingo, 1 de fevereiro de 2015

ARMANDINHO

Criado pelo agrônomo e publicitário Alexandre Beck, Armandinho se tornou um dos personagens de tirinhas mais famosos - e amados - do Brasil. Alexandre explica que o personagem foi inspirado em seu filho e a Fer (outra personagem da Tirinha e irmã de Armandinho) em sua filha.

As tiradas ingênuas - e ao mesmo tempo críticas - de seus filhos o inspiraram a criar as tirinhas com a proposta de humor e reflexão. Alexandre já afirmou que pretende lançar mais livros com as tirinhas em breve ( <3 ).

Abaixo, algumas tirinhas do amado (e reflexivo) Armandinho retiradas da pagina do face https://www.facebook.com/tirasarmandinho:
















































FEMINISMO

De um tempo pra cá, o feminismo tem sido um assunto muito comentado, apoiado, questionado e criticado. Para entender o movimento feminista, é preciso conhecer a sua história, suas conquistas e seus objetivos ainda não alcançados.

A HISTÓRIA DO FEMINISMO

Durante toda a história ocidental, mulheres lutaram por liberdade, respeito, igualdade e, em muitas vezes, morreram por conta desse ideal.
O primeiro aparecimento do feminismo, com status de movimento libertário, foi no final do século XIX, na Inglaterra. O movimento iniciou suas reivindicações com protestos pelo direito ao voto - que foi conquistado em 1918, pelas sufragetes, como ficaram conhecidas as feministas no Reino Unido. No Brasil, as feministas, lideradas pela bióloga e cientista Bertha Lutz (uma das fundadoras da Federação Brasileira pelo Progresso Feminino), também conquistaram o direito ao voto, em 1932, quando foi decretado o Novo Código Eleitoral Brasileiro.




Na década de 1930, o movimento perdeu a força e só a retomou na década de 1960. No início da década, o feminismo explodia por boa parte do mundo, potencializado por todo um contexto favorável ao movimento libertário - como o surgimento da pílula anticoncepcional, o lançamento do livro "A Mística Feminina", de Betty Friedan (uma bíblia para o feminismo), a revolução que Beatles e Rolling Stones faziam na música, entre outros fatores - e atentava para outro tipo de opressão às mulheres, como a falta de autonomia sobre o próprio corpo e sobre a mudança no relacionamento entre homens e mulheres. Porém, no Brasil, o cenário era outro: em 1964, houve a ditadura e, graças à ela, movimentos libertários eram repreendidos e seus militantes punidos severamente. Mas, mesmo nesse cenário desfavorável de repressão, houveram manifestações feministas na década de 1970; Em 1975, Terezinha Zerbini lançou o Movimento Feminino pela Anistia.




Em 1980, com a volta da democracia, foi a vez do Brasil mergulhar no feminismo: em todos os lugares, mulheres protestavam e exigiam diferentes direitos e mudanças em questões referentes ao trabalho, à sexualidade, à maternidade, entre outras situações que apresentavam opressão, desigualdade ou qualquer tipo de ofensa. Em 1984, foi criado o CNDM (Conselho Nacional da Condição da Mulher), um dos responsáveis pela Constituição de 1988 ser a que mais garante direitos para as mulheres no mundo. 

No primeiro governo de Lula (Luiz Inácio Lula da Silva), em 2003, foi criada a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, com status de ministério. Em 2006, a Lei Maria da Penha (n 11.340) foi criada e tornou punitiva a violência doméstica e familiar contra a mulher; As Delegacias Especiais da Mulher já se faziam presentes em boa parte do país.
 
"O QUE FALTA ENTÃO? AS MULHERES JÁ TEM TUDO E VIVEM RECLAMANDO"

Em 2015, do cenário visto em grande parte do mundo é mais agradável às mulheres: elas votam, estão inseridas em todas as áreas de atuação do mercado de trabalho, à frente de postos de comandos, tomam decisões importantes no contexto social e político, tem liberdade e direito de se expressarem. Mas isso não significa que todas as desigualdades e opressões foram vencidas.

Referente ao campo profissional, as mulheres são vistas como força de trabalho mais cara e menos produtiva por conta de possíveis gravidezes - e por conta da carga histórica que as pessoas carregam e que associa a mulher aos trabalhos do lar, aos cuidados com filhos e outros dependentes. Esse pensamento poderia facilmente ser desconstruído, visto que hoje o "sexo frágil" exerce funções como operar guindastes, dirigir ônibus e comandar um país, como a presidente Dilma Roussef, mas o machismo está tão enraizado nas cabeças das pessoas que ele permanece. Em alguns - muitos - casos, as mulheres exercem as mesmas funções e cumprem as mesmas cargas horárias que os homens, mas recebem salários inferiores aos deles.

É no contexto social que a opressão machista se instala de forma mais visível: desde violência verbal até a morte. Ninguém deveria ter medo de caminhar pelas ruas simplesmente por ser mulher, mas infelizmente isso acontece diariamente. Segundo a ONU, 70% das mulheres são ou já foram violentadas em algum momento de suas vidas. Entende-se por violência o abuso sexual, o assédio verbal (inclusive aquela famosa cantadinha, que para alguns parece ser inofensiva), a violência física e psicológica, o abuso emocional.
O termo usado para designar a violência contra a mulher é feminicídio ou femicídio - que leva ou pode levar à morte. O feminicídio é, geralmente, cometido por homens, mas pode ser cometido por membros da família - inclusive por outras mulheres.
Há tipos de feminicídios:
O feminicídio Íntimo: Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 5% dos assassinatos de homens são cometidos por parceiras, enquanto que 35% dos assassinatos de mulheres são cometidos por parceiros;




O Feminicídio em Nome da Honra: mulheres são mortas a mando da própria família por transgressões sexuais ou comportamentais (adultério, relações ou gravidez fora do casamento, inclusive estupros);




O Feminicídio relacionado ao dote: quantias de bens ou dinheiro são oferecidas ao noivo pela família da noiva para acertar o casamento - os casos são mais comuns na Índia e é muito comum que as mulheres sejam queimadas;




Feminicídio não-íntimo: crimes cometidos por alguém que não tenha relacionamento íntimo com a vítima. A América Latina é muito conturbada nesses casos, como estupros, assédios e assassinados;




Feminicídio através do casamento forçado: estes casamentos ocorrem por todo o mundo, mas são mais comuns no Sul da Ásia.



Existe, ainda, a mutilação genital feminina (na Somália, por exemplo, 99% das mulheres são mutiladas).




A OMS cita seis formas de combate à violência contra a mulher:
"• Reforçar a vigilância e rastreio de violência por parceiros íntimos: trabalho de cooperação entre polícia, médicos e agências, com objetivo de coletar e relatar com mais detalhes a relação vítima-infrator e a motivação para o homicídio
• Capacitar e sensibilizar profissionais de saúde: em alguns locais, como nos EUA, estudos têm mostrado que grande parte das mulheres acessa os serviços de saúde (por causas de violência) no ano anterior ao de ser morta pelos parceiros
• Capacitar e sensibilizar policiais: junto de entidades de proteção às crianças, a polícia é o principal serviço que pode dar suporte às menores afetadas pelo feminicídio
• Aumentar a prevenção e pesquisa de intervenção: segundo a OMS, esta é a melhor maneira de reduzir o feminicídio no mundo, pois intimida a violência de parceiros. Entender como os crimes acontecem torna o trabalho de prevenção mais fácil
• Reduzir a posse de armas e fortalecer as leis sobre armas: o risco de morte entre as mulheres vítimas do feminicídio cresce três vezes quando existe uma arma em casa
• Reforçar a vigilância, investigação, leis e consciência de assassinato em nome da "honra": advogados têm relatado sucesso na sensibilização destes crimes por meio da coleta e análise de dados, processos e decisões judiciais, utilizando como referência os direitos humanos internacionais – instrumentos relevantes para a proteção de direitos das mulheres"


Há, também, momentos em que as pessoas são - ou tem atitudes que são - machistas sem que percebam. O site http://www.brasilpost.com.br/nana-queiroz/10-comportamentos-machistas-disfarcados_b_5265277.html listou 10 comportamentos que homens e mulheres adotam e que são preconceituosos:

"1. Divisão de tarefas
Num mundo em que mulheres e homens trabalham fora, por que cabe a elas fazer o serviço doméstico quando chegam em casa? Já pensou que talvez as mulheres sejam as únicas a saber cozinhar simplesmente porque seus companheiros nunca tentaram e elas foram treinadas pra isso a vida toda?
2. Mulher no volante...
Machista ao extremo a famosa expressão. Se algumas mulheres são inseguras no volante, é porque os pais não nos ensinam a dirigir desde a infância como aos filhos homens. Além de tudo, o dito é mentira: pesquisas mostram que, no Brasil, mulheres se envolvem muito menos em acidentes de carro do que homens e raramente em acidentes fatais.
3. Fiu-fiu
Sei que esta opinião é polêmica, mas repito: cantada na rua não é elogio, é manifestação de poder. Cantada é ótima quando é bem-vinda. Na rua, partindo de um estranho, só causa medo.
4. "Ela tá querendo"
Por Deus, há mil razões pelas quais uma mulher usaria roupas curtas e a primeira delas é conforto. Por que quando um homem mostra o corpo é calor e quando uma mulher mostra é um chamado ao sexo?
5. Deus é homem
Quando a Bíblia diz que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, está falando da espécie humana e não do homem enquanto gênero. Deus, na verdade, é um espírito e, como tal, não tem sexo. Projetar a imagem de Deus como um homem barbudo apenas coloca mais um homem em posição de poder.
6. Mulatas são sexy
Essa ideia vai muito além do machismo: é preconceituosa. Ela deriva de uma época horrorosa no Brasil em que os senhores iam à senzala estuprar as escravas, de quem tomavam todo seu prazer, já que a mulher branca, a esposa, era uma figura "límpida" que não deveria ser manchada pelo sexo (óh, céus, alguns homens ainda pensam assim e pior: já saí com alguns deles!). Se uma mulata é sexy, essa é uma qualidade dela enquanto indivíduo e não enquanto grupo social.
7. Mulher não precisa ter orgasmo em toda relação sexual
Vai dizer que nunca teve um parceiro que gozava, virava e dormia? Camaradas, é muito possível para as mulheres atingir o orgasmo em todas as relações e, às vezes, mais de uma vez - você só precisa se dedicar ao prazer dela tanto quanto se dedica ao seu. E, se ela nunca chegou lá ainda por alguma razão (algumas mulheres têm sua sexualidade reprimida a vida toda, pode ser mesmo mais difícil para elas), é importante ter paciência e deixar ela ir guiando o caminho.
8. É difícil ser mãe e trabalhar
E ser pai e trabalhar não é? Exceto pela fase da amamentação, não vejo porque uma mãe teria mais dificuldades em trabalhar do que um pai. As tarefas com os filhos devem ser igualmente dividida pelos dois, pelo bem da criança, dos pais e, em alguns casos, do relacionamento do casal.
9. Toda lésbica é masculinizada
Essa me revira o estômago! Alguns machistas parecem ter a necessidade de dizer que mulheres que não gostam deles só podem desejar ser como eles! Claro que não! Há tantas variáveis de lésbicas quanto há de indivíduos heterossexuais. A maioria das que eu conheço, por exemplo, se veste exatamente como as mulheres heterossexuais. Uma de minhas melhores amigas, aliás, gosta muito mais de pulseiras e brincos do que eu, que sou heterossexual.
E se vestirem-se como um ou outro entende como "jeito masculino", honestamente: o que você teria a ver com isso?
10. Homem paga a conta
Não vejo porque essa regra seria justa a não ser por duas razões: o camarada ganha mais do que você ou foi ele quem te convidou. De resto, se você convidou, você paga, se ganha mais, você paga, e se nenhum dos demais se aplica, acho justo dividir a conta. Essa é uma herança dos tempos em que mulheres não podiam trabalhar (reconheço que a maioria das mulheres ganha menos que os companheiros hoje, e, talvez, uma divisão proporcional seja o ideal para a maioria dos casais)."

Além de atitudes como essas e várias outras, existem expressões, ofensas e ditados machistas como "filhx da puta", "%&¨#@ é a mãe", "seu mulherzinha" e muitas outras falácias que agridem as mulheres e usam a imagem feminina em contextos que dão a entender que ser mulher é ruim.

O QUE O FEMINISMO ATUAL QUER?

As feministas não tem como objetivo construir um mundo só de mulheres, mas sim um novo modelo de cultura que seja agradável à homens e mulheres para que essxs travem lutas conjuntamente em busca de justiça, dignidade, direitos e igualdade para todxs. O feminismo é divido em três tipos pelas pessoas (o individualista, o liberal e o radical) e tem apoiado e sido apoiado por outras lutas (contra a homofobia, o racismo, a transfobia, a lesbofobia, a gordofobia, entre outros grupos oprimidos pela sociedade). O que significa que, hoje, ser feminista é ser contra todo tipo de opressão e violência.








As mulheres querem poder ser e fazer - ou não - o que quiserem sem serem julgadas por isso; O mundo mudou e avançou com relação aos direitos das mulheres, mas isso não significa que ele seja um lugar totalmente seguro e agradável para elas: é preciso lutar contra opressões religiosas, sociais, políticas e sexuais que o mundo exerce contra elas.

Fonte:  http://wwwfeminismo-feminismo.blogspot.com.br/2009/11/como-surgiu-o-feminismo.html, http://www.colegioweb.com.br/trabalhos-escolares/historia/origem-e-detalhes-movimento-feminista.html, http://www.scielo.br/pdf/rsocp/v18n36/03.pdf, http://revistaatitude.com.br/site/desenvolvimento-pessoal/mulher-conquistas-e-desafios/, http://www.istoe.com.br/reportagens/216256_O+NOVO+FEMINISMO, http://www.brasilpost.com.br/nana-queiroz/10-comportamentos-machistas-disfarcados_b_5265277.html.

Sites indicados para desconstrução e entendimento: http://blogueirasnegras.org/, http://www.papodehomem.com.br/feminismo/, http://www.feministacansada.com/, http://blogueirasfeministas.com/.